domingo, 28 de junho de 2009

Escritores explicam por que vão ressuscitar a Saga do Clone do Homem-Aranha


Diante da notícia de que a Marvel Comics planeja dedicar uma minissérie de seis edições à Saga do Clone do Homem-Aranha, os roteiristas Howard Mackie e Tom DeFalco, envolvidos na mini, tentaram explicar o inexplicável: por que diabos ressuscitar uma das várias monstruosidades montadas para alavancar a venda de quadrinhos nos anos 90?

Os motivos: é a chance que eles têm de "contar a história como deveria ter sido", sem as intervenções editoriais que a tiraram dos trilhos há mais de 10 anos. Além disso, eles acreditam que a saga não é tão odiada como tantos pensam, dizem Mackie e DeFalco (que estiveram envolvidos na saga original) em entrevista ao Newsarama.

Por que a Saga do Clone saiu dos trilhos? A história errada na hora errada. "Não tinha-se essa idéia de uma 'saga' do clone. Era simplesmente uma história com a qual os escritores do Aranha estavam entusiasmados. Era para ser contada nas quatro séries do Aranha por apenas três meses", diz Mackie. DeFalco completa: "Os quadrinhos estavam passando por um momento difícil quando a história começou. Todas as editoras queriam fazer o grande evento do próximo mês e as lojas ainda tinham estoques do evento do último mês. O escritório editorial do Homem-Aranha veio com uma história interessante, mas outras forças se meteram e tudo saiu do controle".

As "outras forças" são o que ficou conhecido como "Marvelution". DeFalco foi destituído como editor-chefe da Marvel e a editora ficou separada em várias pequenas unidades, cada uma responsável por uma linha de títulos. E todo mundo precisava produzir mais do que nunca.

"Sugeriu-se/ordenou-se enfaticamente que o arco de histórias não deveria acabar tão rápido. Aí, essa simples e organizada história - com início, meio e fim - ganhou um fim aberto", diz DeFalco. "Ainda acredito que o problema começou quando a empresa me demitiu como editor-chefe e me substituiu por cinco editores-chefe que respondiam ao departamento de marketing e vendas. Um departamento de marketing e vendas pode lhe dizer como vender determinado título, mas é o editorial que deve estar encarregado de criar o material."

Na época, 1994, a Marvel ainda comprou sua própria distribuidora, enquanto as vendas caíam por todos os lados. Dois anos depois, entrou em processo de falência. Os problemas da editora só vieram a ser resolvidos no início desta década, com o sucesso dos filmes baseados em seus personagens e a editoria-chefe nas mãos de Joe Quesada.

As histórias da Saga do Clone, apesar de tudo, vendiam. Segundo Mackie e Quesada, as ordens foram para que aquilo continuasse. "A gerência pediu que fizéssemos alguma coisa - alguma coisa grande - que nos daria o equivalente à Morte do Superman, mas sem cadáveres", diz Mackie. Com isso, a Saga do Clone se estendeu por três anos e, segundo os autores, muito do que estava planejado no início se perdeu.

Apesar de tudo, as memórias dos dois quanto às histórias são positivas. DeFalco: "Acredito que uma história é julgada pelos efeitos que tem sobre os leitores. Se você lê uma história e não consegue lembrar o que aconteceu poucas horas depois, não foi uma história muito boa. Se, por outro lado, a história lhe assombra e prende-se em você e desperta emoções, isso é uma boa história. Faz um bom tempo desde que a assim-chamada Saga do Clone saiu e as pessoas ainda discutem-na e lembram cenas inteiras. Como escritor, eu não poderia estar mais feliz".

Spider-Man: The Clone Saga, com desenhos de Todd Nauck, começa a sair nos EUA em setembro.

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